Contemplando flores que morrem no vazio
(Marcos Martins)
às vezes é só um murro bem dado, desses que faz a
gente sentir o gosto de zinco escorrer pela garganta e se alojar em algum canto
do estômago que se tem vontade de dar;
às vezes é só vontade de matar, tendo como premissa um
bem maior ou a voz divina ecoando em nossa cabeça dizendo que fomos escolhidos
para varrer da face da Terra todo o mal que nela há – mas esquecendo o que nos habita;
ás vezes é apenas erro gramatical;
às vezes é a possibilidade do poder que nos motiva a ser;
às vezes, são palavras postas em linha reta, numa
crescente suicida, até caírem no firmamento e serem esquecidas feito o jornal
de ontem – quem se importa com o jornal de ontem?
às vezes é apenas medo;
às vezes é medo mesmo;
às vezes é só maldade;
ás vezes, sempre esse "ás vezes" a
impossibilitar que o rumo das coisas façam verdadeiramente algum sentido;
às vezes, queria poder dizer com certeza que todos os
meus passos fizeram e ainda fazem sentido;
às vezes, são apenas divagações nascidas embaixo de uma
árvore que não dá frutos... às vezes... é... às vezes... é apenas poesia que não
se explica, apenas isso.